Filhos da morte burra.

/ sexta-feira, 25 de junho de 2010 /

"Jovens sem nenhuma utopia
Caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas
Sem nenhuma luz, sem nenhuma luz de Fernando Pessoa
Fechados nas sexuais telas da impotência
Se masturbam contemplando corpos em decomposição!
Morte da minha fé,
Onde estavam o beija-flor e o arco-íris
Na hora do nascimento dessas criaturas
Quantas gotas de flor restam nos corredores dos céus
De vossas bocas.
Quais fontes clamam por vossos nomes?
Eu entrando na virtuosa idade
E eles entrando em idade nenhuma.
Os filhos da morte burra
Cheiram o branco pó da anemia
Esqueceram que um dia tocaram na poesia da
Transgressão em pleno ventre de suas esquecidas mães
Esqueceram de colar o ouvido ao chão
Para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas.
Os filhos da morte burra
Jamais levantam uma folha para conhecer o amor dos incertos
Jamais erguem taças ao luar para brindar a
Vigorosa lua
Os filhos da morte burra,
Desconhecem ou jamais ouviram falar em iluminação
Apenas abrem a boca para vomitar"
(fragmento da música "ensaio sobre a cegueira")

Minha eloquente incoerência,
Minha indubitável insegurança
Minha indesejável presença.
Estou aqui, sentada observando tudo passar
Observo a mim mesma com certo pesar
Estamos todos cegos
sim, estamos
eu estou aqui, mas minha essência não está
Agora me diz, em que apoiar nossos sonhos?
A vida passa e o que resta enfim?
Sorrisos e alguma história para contar
Fechamos nossos olhos, trancamos nossas mentes na vil segurança de que os sonhos não existem.
O poeta sofre por acreditar no amor,
O ignorante não sofre.
O eterno meio termo
Pois que me levem enfim, sofrer não mata o que morre somos nós.
E eu sou mais do que um pedaço de carne podre.
Meu limite sou eu quem impõe.


"Entregue-se.
Faça.
Sofra.
viva, e não deixe que vivam por você"






2 comentários:

{ Lua Nova } on: 25 de junho de 2010 às 14:28 disse...

Sua intensidade, sua força interior, sua sensibilidade, sua sinceridade com vc mesma, tudo isso está presente em todos os seus posts, por menores que sejam, independente de serem de sua autoria ou garimpados. E uma ótima amostra disso é:
"Entregue-se.
Faça.
Sofra.
Viva, e não deixe que vivam por você."
Assino em baixo e reitero minha admiração por vc.
Beijos.

Rafael on: 28 de junho de 2010 às 09:21 disse...

Dos posts que eu li, acho que esse é o melhor deles, está perfeito, sério!
"Entregue-se.
Faça.
Sofra.
viva, e não deixe que vivam por você"
Você mesma disse, e eu concordo. Mas e quando o sofrimento se torna insuportável? Novamente não espero uma resposta,fica mais para reflexão.
Um abraço.

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