The Same.

/ sábado, 31 de julho de 2010 /

"Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais"
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E todas as minhas antigas regras, entraram em uma via de contra-mão, uma auto contestação, talvez até mesmo por eu sempre aplicá-las, o mesmo resultado sempre.
Mudei minhas regras. As consequências também mudaram.
Aprendi dolorosamente, que ninguém é de todo mal. A palavra é sempre verdade se dita com sentimento, o que as tornam voláteis. Os sentimentos mudam, as palavras também.
Me tornei uma fatalista.
O que é diferente de realista ou de pessimista. É tudo isso com uma dose de ultraje, uma pitada de otimismo científico, correlativo.
Descobri que sou péssima com as palavras. E depois de ler um ou dois livros da Clarice Lispector, percebi que sou horrível com as palavras. Mas não desisti.
Descobri com isso que quanto pior eu me sinta, melhor eu me torno.
Descobri que fé não é religião, e nem casamento é amor.
Por muito tempo procurei em um monte de religiões as minhas ideologias. Hoje, tenho doutrinas, nenhuma base humana no que julgo divino.
Aprendi, da melhor forma, que amigos vão e vêm, como as boas lembranças.
Descobri as boas músicas, e algumas delas todos julgam horríveis, como um solo de gaita. Mas é a minha individualidade, eu sou a crítica.
E sabe do que mais?
Descobri que devemos levar a vida como se alguém tivesse nos dito: "Você vai morrer amanhã" e por pior que isso pareça, nos dá a qualidade redentora de viver de verdade.
Vivemos como se fossemos eternos. Mas não o somos. E isso nos torna maravilhosos.
Política? homens com poder sobre homens, o eterno desejo de propriedade.
Meus Defeitos? as cicatrizes da minha personalidade. Defeito é como um nariz grande, uma pinta no meio da testa, seis dedos no pé ou um corte ruim de cabelo, é o que te diferencia dos demais.
Eu? Livros, crianças, fins de tarde, amar, ajudar, azul, violão,escrever de madrugada, ter alguém para aquecer os pés, espiritualidade, muito café e chá gelado.
Sou tudo isso e uma pitada de boas companhias.
Meus amores? aah, já me conformei que são passageiros. Crio expectativas demais, imagino demais. E sempre dá errado, quer dizer... dar errado, geralmente é quando algo não saí como planejamos, na verdade tive bons momentos com meus amores que não deram certo.
Acredito no homem, acredito sim!
E aprendi que acreditar é a forma específica de aplicar a sua fé.
Quem eu era, já não sou mais.
Mas talvez daqui a uns 10 anos eu me olhe agora e veja alguém que já não serei mais, e talvez eu dê risadas dos meus erros,medos e desejos.
Somos a surreal projeção do passado, perpetuado no presente, fazendo o futuro parecer distante demais.
Sou um grande nada.
Mas um nada bem interessante se visto com mais atenção.


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"Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você"
A lista - Oswaldo Montenegro

Contemplando o Bestial.

/ terça-feira, 6 de julho de 2010 /

"O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização
sem tomar parte do desenvolvimento superior dela -
em segui-la pois mimeticamente com uma insubordinação
inconsciente e feliz."
F. Pessoa.
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E eu vejo, em todos os lugares que meus olhos podem percorrer a mão do homem a assinar em lápide a matéria prima.
Surramos carne, bebemos do licor doce da juventude eterna da natureza e nos julgamos maiores que ela;
Como quem acorrenta um belo pássaro, apenas pela vil frustração de vê-lo voar, e estar preso ao chão.
Eu olho em volta e vejo tanta ignorância, tanta prepotência. Essa gente de dois umbigos, essa gente antropocêntrica que não consegue ao menos reconhecer na lua a grandeza do infindável.
Não são todos de todo mal, apenas a maioria, a outra parte, eu já não conheço, mas creio que deve existir, outros -não como eu, pois ainda estou na condição imóvel de observadora- que tem esse brilho nos olhos.
Esse brilho revelador, discritivo, que determina que ali dentro está uma alma. Uma alma que sente.
Não um dia a menos,mas um dia a mais.
Tenho fé, que deve existir alguém que conte histórias com suas rugas e não apenas anos.
Não me canso de olhar em volta e creio que até gosto de balançar a cabeça em desaprovação, me faz sentir maior, infla o meu ego. Retroação, cometo o erro que aponto.
Pelo menos eu reconheço, e não é todos que o fazem.
Tá vendo? denovo, retroação. Meu ego infla.
Assim são os Homens, criam regras que não respeitam, apontam erros que cometem e falam de sentimentos... Ah, sim os sentimentos. Eles(nós) transformam(amos) uma coisa auto suficiente em uma animal de estimação, condensamos deuses em gênios na garrafa e fingimos que os sentimentos precisam de nós.
Seu bobo, feche os olhos, sente em uma varanda.
E perceba que o mundo não precisa de você.

-Marcela Rocha-

 
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